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Crônica: A última oportunidade

  • Foto do escritor: Débora Paschoal Lambiasi
    Débora Paschoal Lambiasi
  • 23 de abr. de 2024
  • 4 min de leitura

Samanta acordou eufórica naquele domingo! Levantou-se da cama cantando, tomou um longo banho, passou seus melhores cremes, escolheu uma bela roupa, perfumouse, arrumou seu cabelo, maquiou-se e reforçou para si mesma, em frente ao espelho, o quanto era linda e poderosa. Desinstalou o aplicativo de namoro que utilizou por dois anos, onde as conversas eram superficiais e voltadas apenas para sexo. Finalmente, ela havia encontrado o homem dos seus sonhos, após três meses de longas conversas. Era o momento de conhecer Douglas pessoalmente. Samanta sentia que essa seria sua última chance de construir uma família, já que, aos 36 anos, a dificuldade de engravidar aumentava. Sentia-se esperançosa, porém, também tinha medo de estragar tudo mais uma vez... Douglas, irritado, desligou seu despertador, pois era domingo e havia esquecido de desligá-lo no dia anterior. Fez sua rotina matinal, barbeou-se, tomou banho e escolheu uma roupa adequada. Depois de sair com várias mulheres, que sempre buscava para encontros casuais, em um aplicativo de namoro, decidiu encontrar pessoalmente a única pessoa com quem manteve uma conversa por mais de uma semana. Estava divorciado há dois anos, após um casamento de 10 anos e um filho de oito anos. Estava aproveitando a vida, saindo com diferentes mulheres. No entanto, havia algo diferente em Samanta. Ele se sentia bem ao conversar com ela por horas a fio. Não tinha grandes expectativas em relação a um relacionamento, mas achava que seria bom sair com ela, uma mulher interessante e bonita. Talvez algo mais acontecesse. No entanto, ele também não queria voltar muito tarde, para poder assistir ao jogo do seu time à noite. Silenciou o aplicativo e partiu para o encontro com Samanta. Samanta chegou ao restaurante no horário combinado e ficou observando de longe, tentando verificar se Douglas já estava lá. Não o encontrou, e começou a se perguntar se ele poderia ter desistido. Surgiram dúvidas em sua mente: "Será que fiz algo errado? Será que ele é igual aos outros que me magoaram?". Ela sabia que não poderia estragar tudo novamente. Era provavelmente sua última chance de realizar o sonho de construir uma família. Samanta entrou no restaurante e foi correndo ao banheiro para retocar a maquiagem e, diante do espelho, afirmar a si mesma o quão linda e poderosa era, além de prometer que o almoço seria perfeito, e que ela faria tudo certo dessa vez. Douglas chegou quinze minutos atrasado, devido ao trânsito. Entrou no restaurante esbaforido e logo avistou Samanta, que o esperava sentada no bar. Ele pensou: "Que mulher linda! Hoje posso me dar bem!". Conferiu, discretamente, se havia trazido preservativos, e se aproximou dela. Ao avistar o rapaz, Samanta ficou ainda mais empolgada. Além de tudo, ele era muito atraente. No entanto, ela se esforçou para não falar besteiras e se comportar da maneira que ele esperaria. Queria pensar muito bem antes de falar. Enquanto isso, Douglas percebeu que um novo relacionamento poderia ser uma possibilidade real. Cumprimentaram-se com um abraço e um beijo no rosto, sentaram-se à mesa, e solicitaram bebidas para iniciar a conversa. A tensão inicial foi diminuindo aos poucos, permitindo que ambos se sentissem mais à vontade. Conversaram sobre trabalho, música, teatro e relacionamentos passados. Samanta estava cada vez mais encantada e Douglas sentia-se bem ao lado dela, chegando até a esquecer por um tempo, o futebol e outras mulheres que poderiam estar lhe enviando mensagens pelo aplicativo. Em determinado momento, surgiu o assunto casamento. Samanta expressou seu desejo de se casar e ter filhos, enquanto Douglas falou sobre as dificuldades enfrentadas em seu casamento, mas sem fechar as portas para uma nova possibilidade. Essa diferença de perspectiva fez com que Samanta começasse a se questionar se Douglas era realmente o homem perfeito para ela. Sentindo-se incomodada, Samanta foi até o banheiro para respirar fundo e se lembrou de que deveria tentar uma abordagem diferente. Ela não queria colocar tudo a perder por impulsividade. Enquanto isso, Douglas, demonstrando abertura emocional, esboçou um sorriso amplo ao ver Samanta retornar. E então, antes de pedirem a conta, aconteceu o tão esperado primeiro beijo. A química entre eles era incrível. Antes de saírem, Douglas convidou Samanta para tomar um vinho em sua casa, com a expectativa de uma noite com sexo, boa conversa, e quem sabe, uma possível continuidade do relacionamento. O desejo de assistir ao jogo de futebol havia ficado para trás. No entanto, imediatamente Samanta mudou sua expressão para raiva e frustração, quase lançando um olhar odioso em direção a Douglas. Ela lhe deu um leve empurrão e gritou: "Você é igual a todos os outros, só quer me usar. Não quero te ver nunca mais!" Em lágrimas, ela foi embora. Ao chegar em casa, Douglas pensou que todas as mulheres eram loucas. Como uma mulher tão interessante, após uma boa conversa e tanta química entre eles, poderia reagir daquele jeito? Ele ligou a TV para assistir ao jogo enquanto olhava outras mulheres no aplicativo. Samanta chegou em casa chorando e ligou para sua psicóloga para contar o absurdo que havia acontecido com ela. Em seguida, chegou à conclusão de que sempre estragava tudo e que iria morrer sozinha. Comeu uma caixa de bombons e foi dormir chorando. No dia seguinte, Douglas acordou de mau humor, já que seu time tinha perdido. Deu uma olhada no aplicativo e se perguntou se seria possível conhecer alguém tão interessante quanto Samanta. Pensou em mandar uma mensagem para ela, mas logo se lembrou do que ocorreu, e desistiu. Enquanto isso, Samanta conheceu Ricardo em um novo aplicativo, certa de que seria sua última oportunidade de construir uma família. _________________________________________

 
 
 

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